Previsão da safra de café deve ficar em 46,9 milhões de sacas

Previsão da safra de café deve ficar em 46,9 milhões de sacas

Segundo levantamento da Conab, queda na estimativa é de 25% em relação à safra passada; dados também abordam exportações e preços

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O Brasil deverá produzir aproximadamente 46,9 milhões de sacas de café beneficiado, de acordo com o 3º Levantamento da Safra 2021, divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Assim, o número representa uma queda de 25,7% em relação ao resultado da safra de 2020. A área em produção, por sua vez, é atualmente estimada em 1,8 milhão de hectares, 4,4% menor que a safra anterior.

Previsão de safra

O levantamento da Conab foi feito em um momento em que mais de 95% das áreas plantadas já foram colhidas. Até o dia 10 de setembro, a colheita de café na área da Cooxupé chegou a 96,93%.

O resultado da pesquisa de campo confirma, portanto, uma redução na produção de café, em comparação à safra anterior, que foi considerada recorde.

Além dos efeitos da bienalidade negativa, os motivos para a redução também incluem as condições climáticas adversas de seca. Bem como, em muitas localidades, as geadas, que ocorreram em junho e julho, segundo descreveu a Conab no levantamento.

Estes fatores influenciaram tanto para redução do rendimento médio como para a diminuição da área em produção.

Café arábica

A produção de café arábica está estimada em 30,7 milhões de sacas. Ou seja, 36,9% a menos se comparado ao volume produzido na safra anterior.

Já o conilon, por sua vez, deve alcançar uma produção de 16,15 milhões de sacas. O que indica um aumento de 12,8% sobre o resultado obtido em 2020.

Regiões

Por causa da bienalidade negativa, os efeitos fisiológicos nas lavouras de café ficam mais latentes na fase de produção. Isso ocorre especialmente para o café arábica, que é mais sensível a este fenômeno se comparado ao café conilon.

Neste contexto, com relação aos estados produtores, Minas Gerais deverá alcançar 21,4 milhões de sacas, uma redução de 38,1% em comparação a 2020.

Já a estimativa de colheita para o Espírito Santo deve ser de pouco mais de 14 milhões de sacas, 11 milhões para conilon e 3 milhões para arábica.

Em seguida, vem o Estado de São Paulo, com produção estimada em 4 milhões de sacas de café arábica. Ou seja, uma redução de 35,1%, em comparação à safra anterior, que chegou a pouco mais de 6 milhões de sacas.

A Bahia deverá produzir perto de 3,5 milhões de sacas, 13% a mais que no ano de 2020. Rondônia vai colher quase 2,2 milhões de sacas, um decréscimo de 11,3%, segundo a Conab.

No Paraná, a produção está estimada em quase 873 mil sacas de café. O Rio de Janeiro, por sua vez, tem produção esperada de 236 mil sacas, redução de 36,4%.

Em Goiás serão 212 mil sacas, 14,4% a menos do que em 2020. Finalmente, Mato Grosso deverá produzir 194 mil sacas.

Exportações

Ainda segundo o levantamento, após o recorde de 43,9 milhões de sacas de 60 kg na exportação brasileira de café em 2020, os volumes exportados no acumulado dos oito primeiros meses de 2021 atingiram um patamar ainda mais elevado do que o observado em igual período do ano passado.

De janeiro a agosto de 2021, o Brasil já exportou cerca de 28,4 milhões de sacas de 60 kg em equivalente de café verde. Um aumento de 8,7%. “Essas exportações tendem a continuar aquecidas em razão da valorização do café no mercado internacional e da taxa de câmbio elevada no Brasil”, diz a Conab.

No entanto, há uma limitação na disponibilidade interna em razão da queda da produção de café em 2021.

Somado a este fator, há uma grande preocupação com a produção a ser colhida em 2022, em razão da seca prolongada e da ocorrência de geadas neste inverno.

“O cenário de incerteza quanto à oferta futura deixa muitos produtores retraídos e afastados do mercado, dosando a oferta de seus estoques diante da expectativa de preços mais atrativos no futuro”, diz o relatório.

Além dos problemas climáticos sobre a produção, o patamar elevado das exportações acentua ainda mais a restrição da oferta interna e o aumento dos preços no mercado doméstico.

Preços

O aumento no preço do arábica ocorre, em especial, da quebra da produção no Brasil em 2021. Já que o país é o principal produtor e exportador mundial desta espécie, e da estimativa de aumento da demanda global no ciclo 2021/22 em razão do avanço do controle do Covid-19 em importantes polos consumidores, como Europa e Estados Unidos.

“Nesse cenário de forte valorização do arábica, a indústria tende a ampliar a demanda pelo café robusta para reduzir o custo na produção dos blends.”

De acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a produção mundial de café deve recuar cerca de 6,2% na safra 2021/22. Isso na comparação com o ciclo anterior, enquanto o consumo deve crescer cerca de 1,1% no mesmo período.

“Esse cenário apertado, entre oferta e demanda resulta em uma estimativa de redução de 19,8% no estoque ao final do ciclo atual. Ou seja, retorna a um patamar próximo da safra 2017/18”, conclui.


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