Cafeicultura: o famoso café colombiano

Cafeicultura: o famoso café colombiano

Junto com o Brasil, produto colombiano se destaca entre os 15 melhores do mundo. Saiba mais

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Que o café é a segunda bebida mais consumida no mundo, isto já sabemos. A bebida fica atrás apenas da água. E o café colombiano está entre os principais do mundo.

Há grandes trabalhos e esforços que movimentam toda esta cadeia produtiva, antes do cafezinho chegar até a xícara.

Assim, a cafeicultura faz parte do ciclo produtivo de muitas nações. Os cafés da Colômbia e do Brasil, por exemplo, estão entre os 15 melhores do mundo, conforme aponta o portal Tudo Sobre Café.  

No entanto, o Gerente Técnico da Federação Nacional de Cafeteiros da Colômbia, Hernando Duque Orrego, lembra: “Brasil e Colômbia, somos muito mais parceiros do que concorrentes”.  

O Hub do Café fez uma entrevista especial com Hernando para apresentar a você, leitor, como é a cafeicultura do nosso vizinho. Bem como sua representatividade no mundo.

Ele atua na Federação há 33 anos. Uma experiência que o coloca entre as grandes autoridades técnicas da produção de café colombiano. É engenheiro agrônomo com formação pela Universidade de Colômbia e Master em Economista Agrícola pela Universidade de Londres.

Café colombiano

A cafeicultura da Colômbia está presente em 840 mil hectares. Representa em média 640 mil fazendas. São, aproximadamente, 540 mil produtores que produzem café 100% do tipo arábica. 

“Com esses números é muito fácil estimar o tamanho médio de área em café por cafeicultor, que é geralmente superior a 1,5 hectare”, explica Hernando.

De acordo com ele, pequenos produtores representam a cafeicultura da Colômbia. “96% dos cafeicultores daqui têm 5 hectares em café ou menos. Dessa forma, praticamente todos são pequenos”, frisa.

Na Colômbia, pela média de hectares, os produtores são considerados assim:   

– Pequenos: até 5 hectares.

– Médios: de 5 a 10 hectares.

– Grandes: Mais de 10 hectares.

Representatividade Mundial

A Colômbia é o terceiro maior país em produção total de café. Está, pois, à frente da Indonésia (4º maior). Assim, Vietnã ocupa o segundo lugar. Brasil, portanto, é o maior produtor do mundo, com destaque para Minas Gerais que é o maior estado produtor.

No entanto, quando se fala em produção de café tipo arábica, a Colômbia é o segundo maior produtor do mundo. Brasil também é líder nesse quesito, bem como o estado mineiro. 

Em 2021, a safra de café colombiana alcançou 12.6 milhões de sacas. Já a do Brasil foi de 47.7 mi, considerando os tipos arábica e conilon. Só do tipo arábica, a produção brasileira foi de 31.4 milhões de sacas. Minas Gerais respondeu por mais de 22 mi de sacas.

Para se ter uma ideia, enquanto a Colômbia responde por 840 mil hectares na produção de café, o Brasil possui 1.8 milhão hectares.

Em relação a consumo, o país colombiano responde por mais de 2 milhões de sacas.

Espaço para novas áreas

De acordo com Hernando, a Colômbia apresenta grande potencial para crescer em café. O crescimento pode ser, portanto, até 5 vezes mais em relação às áreas de cultivo.

Entretanto, ele pondera que não há uma dinâmica para o crescimento de área para produção. “Por essa razão, nosso trabalho é aumentar a produtividade nas áreas que já existem. Apesar do potencial, não há uma política de crescimento aqui no país. Por isso, estamos focados em produtividade”, reforça.   

O Cenicafé, que é o Centro Nacional de Pesquisa em Café da Colômbia, e a Federação realizam pesquisas, há muitos anos, para os cafeicultores melhorarem a produtividade. 

Clima

Hernando explica que a cafeicultura colombiana está localizada na esquina norte-ocidental da América. Assim, segundo ele, o comportamento do oceano Pacífico tem um papel muito importante no clima do país.

“Normalmente a temperatura do Oceano Pacífico está localizada em uma média que se chama ‘cenário neutro’. Quando este cenário é neutro no Pacífico, o clima em café para a Colômbia é normal. Bem como as precipitações das chuvas e a temperatura se comportam seguindo os parâmetros históricos”, pontua.

Entretanto, Hernando diz que quando a temperatura do oceano Pacífico aumenta, em determinados períodos, observa-se um fenômeno de variabilidade climática na zona de produção de café. Trata-se do El Niño. 

“Quando este fenômeno vem à Colômbia, enquanto está vigente, a temperatura e a radiação solar são superiores. As chuvas são menores. Em sentido contrário, quando as águas do oceano Pacífico baixam, ocorre um período de resfriamento. Ou seja, a temperatura da zona de produção de café é menor; as chuvas são maiores; e o brilho solar é menor. Como pode ver, El Niño e La Niña são cenários contrastantes”, afirma. 

Dessa forma, a cafeicultura colombiana está exposta a estes cenários climáticos: Neutro (normal), El Niño e La Niña. Isto caracteriza variabilidade climática, de acordo com o gerente. 

Hernando conta que a Colômbia passou, nos últimos dois anos (20/21 e 21/22), por dois fenômenos contínuos de La Niña. Situação atípica para o país. 

Portanto, o clima não tem sido favorável para as floradas e para a produção nacional”, diz o engenheiro agrônomo. 

Custos de produção

Hernando considera a questão do custo de produção no país muito complexa. Isto porque o perfil de pequenos produtores aponta que muitos não possuem contabilidade, como geralmente ocorre no Brasil.

“Quando você fala com um produtor brasileiro geralmente ele sabe. Mas, na Colômbia não é fácil”, avalia.

O gerente técnico da Federação, no entanto, pondera que os custos de fertilizantes e defensivos estão mais que o dobro. Bem como a mão de obra, que também encareceu.

“No último ano, o Governo nacional aumentou o salário mínimo em 10%. Portanto, os impactos neste ano para a cafeicultura serão importantes em termos de custos de produção”, sinaliza.

“Estamos preocupados e acompanhando a dinâmica dos preços dos fertilizantes e defensivos. Todavia, a preocupação é com os custos de produção deste ano, apesar dos preços do café estarem positivos”, lembra Hernando. 

Produção e Exportação

Em 2021, a Colômbia exportou 12.4 milhões de sacas de café. Os mercados mais importantes para o país são: Estados Unidos, Europa e Japão.

Ainda no ano passado, os colombianos importaram mais de 1 milhão de sacas do café do Brasil.

As estimativas de produção da área técnica da Federação devem ser divulgadas em agosto.

“É importante saber que aqui há dois períodos de levantamento: no primeiro e segundo semestres. Estamos finalizando os estudos do primeiro. E, devemos ter a projeção nacional do segundo por volta da segunda quinzena do mês de agosto. Portanto, teremos neste período o tamanho da produção da Colômbia e sabemos o quanto vamos exportar”, declara Hernando.  

Expectativas para 2022

O engenheiro agrônomo explica que a Federação está trabalhando, desde 2015, na estratégiaMais Agronomia. Mais Produtividade. Mais qualidade”. Isto porque para melhorar a produtividade e qualidade dos cafés colombianos.

“Nosso café é muito conhecido pelo mundo por conta de sua qualidade e estamos empenhamos em sempre manter este reconhecimento mundial”, aponta Hernando.

O trabalho com a produtividade também é estratégico.  “Nosso interesse é contribuir com tecnologias para a produção. Então, o Cenicafé vem trabalhando nesse sentido para diminuirmos o custo de produção”, relata.  

“Afinal, buscamos por uma cafeicultura mais rentável aos cafeicultores no futuro. Em conjunto com este trabalho está a sustentabilidade, um importante fator para a produção de café da Colômbia. É muito relevante produzir café em harmonia com o meio ambiente”, completa. 

Conquistas

Hernando destaca que a Colômbia tem hoje 85% de plantação de variedades resistentes à ferrugem do café. “Nós somos hoje, mundialmente, o país com maior proporção de variedades resistentes à ferrugem. Portanto, temos a cafeicultura mais resistente do mundo em relação a esta praga”.

 Ele ainda acrescenta que recentemente o país concluiu um diagnóstico sanitário em relação à cafeicultura. “A broca do café é muito baixa, assim como a ferrugem. Assim, no começo de 2022 teremos uma cafeicultura muito boa do ponto de vista sanitário. Precisamos de clima”, enfatiza.


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