Commodities elevam ganhos do agronegócio

Commodities elevam ganhos do agronegócio

Mas, gastos com fertilizantes aumentam custos de produção. Confira

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A valorização das commodities manteve em alta o saldo da balança comercial brasileira. Mesmo com a queda nas exportações, em 2022, as receitas continuaram batendo recordes, conforme levantamento da Folha de SP divulgado pelo Brasil Agro.

Nos cinco primeiros meses do ano, os dez principais produtos do agronegócio se valorizaram e renderam US$ 46,9 bi. O volume é superior aos US$ 36,8 bi de igual período de 2021.

E a explicação está nos efeitos climáticos sobre a lavoura, nos impactos da guerra devido à menor oferta de alimentos e alta da inflação. O que, segundo a ONU, pode se refletir em aumento da miséria no mundo, com mais de 300 milhões de pessoas em estado de fome aguda.

Commodities X Balança comercial

Um exemplo dos produtos negociados vem da soja, que lidera a balança comercial: ela teve queda de 15 milhões de toneladas exportadas em maio do ano passado para 10,6 milhões no mesmo período deste ano.

Mas, apesar do recuo, as receitas – que somaram US$ 6,6 bi – ficaram no mesmo patamar das de 2021, com preço valorizado em 38%.

De acordo com a Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais) o total de receitas do complexo soja (grãos, farelo e óleo) também teve reajuste, ficando em US$ 58 bi, o que significa US$ 10 bi a mais do que em 2021.

No caso do café, similarmente, houve aumento de 80% no preço, se comparado maio deste ano com o mesmo mês de 2021. Só que, por outro lado, a carne suína apresentou desvalorização em relação às demais commodities no mesmo período.

Condições climáticas

Em relação aos efeitos climáticos, os impactos também são grandes em termos de volume negociado, mas não em termos de precificação, pois o Brasil, considerado o principal fornecedor mundial, teve uma produção inferior ao previsto, devido aos efeitos das geadas.

Mesmo com ritmo menor das exportações, as receitas deste ano já superam em 54% as de janeiro a maio do ano passado.

Assim também, as carnes bovina e de frango também mostram bom desempenho. A demanda continua aquecida, e os preços internacionais se mantêm elevados. Segundo a Secex (Secretaria de Comércio Exterior) o valor médio da tonelada de carne bovina registrou alta de 31% no mês passado. E a carne de frango, mais ainda, com acréscimo de 35% no período.

Em relação ao trigo, outra surpresa, pois apesar da concorrência externa o Brasil aproveitou para escoar 2,45 milhões de toneladas no exterior, o que significa 332% a mais do que no ano passado. Assim, a Arábia Saudita foi a líder nas importações, comprando 505 mil toneladas.

Com a alta do petróleo, o algodão também foi beneficiado. A elevação nos preços da fibra sintética tornou o produto natural mais atrativo e, desta forma, as receitas se mantiveram estáveis.

Fertilizantes e defensivos

Por outro lado, os produtores precisaram gastar mais com insumos, como os fertilizantes importados. Com a disparada nos preços e dificuldades de obtenção (principalmente devido à guerra) muitos importadores aceleraram as compras. E em maio o Brasil importou 4,1 milhões de toneladas, um recorde para o período, que também representa 57% a mais do que em 2021.

Foram adquiridos 15,2 milhões de toneladas. Normalmente, esse é um volume adquirido apenas no segundo semestre. E como o país comprou mais em menos tempo, o valor supera em 178% o total gasto entre janeiro e maio de 2021.

Por fim, no caso dos defensivos importados, a alta internacional de preços elevou os gastos, que subiram para US$ 1,8 bi, o que significa 94% a mais na comparação interanual.


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