Conheça alguns tipos de poda do cafeeiro para aplicar nas lavouras

Conheça alguns tipos de poda do cafeeiro para aplicar nas lavouras

Emater orienta sobre esta técnica. Saiba mais!

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O “Manual do Café – Manejo de Cafezais em Produção”, da Emater-MG, divulgado pelo Portal Café Point, traz informações sobre a poda do cafeeiro. Uma técnica há muito tempo conhecida por técnicos e cafeicultores. No entanto, seu uso só se tornou mais popular no início dos anos 70, com o plantio das lavouras no sistema de renque e com os planos de renovação de cafezais.

A técnica da poda foi introduzida nas práticas de manejo para a cafeicultura moderna. Diferente do que se acredita, ela não aumenta a produtividade do cafeeiro. Mas trata-se de um recurso muito eficiente na regularização da safra. Além disso, facilita a execução das diversas operações de manejo e de colheita.

A indicação da poda é, também, para fazer a correção na arquitetura da planta. Ou seja, como é o caso de lavouras com excesso de ramos ortotrópicos (“ladrões”), que tiveram perda de ramos plagiotrópicos (produtivos) ou, ainda, quando estes se encontram muito entrelaçados. Diminuindo, portanto, a entrada de luz na planta e dificultando a colheita.

Poda do Cafeeiro

Além disso, a poda também melhora as condições para o controle fitossanitário. Principalmente da ferrugem e da broca, promovendo, assim, um aumento da luminosidade e arejamento da lavoura. A técnica aumenta os tratos culturais (manejo de mato e desbrotas) e requer trabalhadores treinados, com orientações técnicas, máquinas e equipamentos específicos.

Pelo olhar econômico, as podas devem ser realizadas em anos de carga alta. Para isso, é essencial que no manejo da lavoura, desde o ano anterior, tenha sido realizado um controle eficiente de pragas de solo e uma boa nutrição do cafeeiro.

Tipos de poda

Recepa

É uma poda drástica. Isto é, há uma retirada de grande parte do tronco, que provoca, como consequência, um rebaixamento acentuado do índice de reservas da planta. Com morte de grande parte das raízes absorventes, as quais ressurgem posteriormente. O cafeeiro ficará por uma safra sem produção e irá retornar com uma boa produtividade para a cultura somente a partir da segunda safra.

A recepa consiste em cortar o ramo ortotrópico a uma altura de 20 a 40 cm do solo, chamada de “recepa baixa”, ou de 40 a 100 cm, denominada “recepa alta”. Utiliza-se, normalmente, quando a planta já perdeu grande parte dos ramos baixos, sendo a altura do corte determinada em função destes ramos, visando preservar o que restou deles.

Decote lenhoso

É uma poda em que o corte é feito no ramo ortotrópico, em plantas com grande parte dos ramos laterais que ainda se encontram presentes e que podem ter potencial produtivo para a próxima safra. O decote pode ser alto, quando o tronco é cortado entre 1,5 a 2,0 m do solo, e baixo, de 1,0 a 1,5 m. É mais indicado para diminuir o tamanho das plantas, facilitando os tratos e a colheita, ou visando maior incidência de luz, aumentando, assim, as brotações dos ramos produtivos e a florada.

Tecnicamente, o decote baixo só deve ser indicado quando se deseja adequar a arquitetura da planta, como, por exemplo, eliminando o acinturamento.

Decote herbáceo

É uma variante no sistema do decote propriamente dito e consiste na eliminação da gema terminal do ramo ortotrópico. Daí o nome de decote herbáceo. Tem como finalidade o controle sobre a altura das plantas, mas, devido à resposta da planta no crescimento lateral dos ramos produtivos, recomenda-se apenas quando há espaço suficiente nas linhas do cafezal. Sob pena de um fechamento e definhamento dos referidos ramos. Normalmente, há o aparecimento de brotos que podem ser mantidos ou não.

Esqueletamento

É um tipo de poda mais drástica. Quanto maior for a porção removida dos ramos plagiotrópicos, há grande perda de raízes absorventes, que se restabelecem após algum tempo. Esta poda consiste no corte dos ramos laterais do cafeeiro, de 20 a 50 cm a partir do tronco, dando à planta um formato cônico. Simultaneamente, deve-se fazer o decote da planta. A opção pelo “esqueletamento” deve ser feita quando a planta ainda apresenta grande parte de seus ramos produtivos preservados e quando for necessário o revigoramento destes.

Desponte

Também considerado uma poda do tipo leve, consiste no corte dos ramos produtivos, de 50 a 80 cm a partir do tronco. Conferindo, pois, um formato cônico à planta. Quando se efetua o desponte, deve-se fazer conjuntamente o “decote”, como no esqueletamento, visando quebrar a dominância apical e induzir às brotações laterais. Indicado quando a lavoura se encontrar fechada, com os ramos plagiotrópicos longos, com poucas gemas produtivas nas extremidades dos ramos, mas, ainda sem perda da “saia” e sem acinturamento.

Desbrotas

Quando se decide pela poda, deve-se estar ciente da necessidade das desbrotas e, consequentemente, dos custos de mão de obra para sua realização. As desbrotas, como a recepa, exigem o emprego de capacitação profissional. Dessa forma, normalmente, tanto na recepa quanto no decote, deixam-se de dois a três brotos por planta no sentido da linha de plantio, quando a colheita é feita manualmente. Este cuidado é para que os brotos não tombem para o interior da rua e se quebrem diante do esforço das mãos do colhedor.


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