Consumo moderado de café diminui risco de pressão alta, diz estudo

Consumo moderado de café diminui risco de pressão alta, diz estudo

Pesquisa da USP constatou que consumir de uma a três xícaras de café por dia pode reduzir risco de hipertensão

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Uma pesquisa da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP constatou que o consumo moderado de café pode reduzir em até 20% o risco de hipertensão. A publicação do estudo foi feita no portal científico Clinical Nutrition.

A pós-doutoranda da FSP-USP Andreia Miranda explicou que a pesquisa foi feita com base na análise dos hábitos de consumo da bebida.

Além disso, ela considerou dados demográficos, de estilo de vida, exames de sangue e medição de pressão arterial do grupo de participantes, todos funcionários públicos.

“Para o estudo, foram excluídos da amostra pessoas com diagnóstico de hipertensão no início da pesquisa. Excluímos também aqueles que apresentavam histórico prévio de doença cardiovascular (infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral e cirurgia cardíaca), além dos que não tinham informação sobre o consumo de café”, disse a pesquisadora ao Jornal da USP.

Dessa forma, o estudo analisou 8.780 participantes, com seguimento médio de quatro anos.

Posteriormente, a pesquisa obteve dados sobre consumo de café entre os participantes por meio de um questionário de frequência alimentar.

O estudo contou, no entanto, com a divisão de quatro categorias: quem nunca ou quase nunca tomava café; quem bebia menos de uma xícara por dia; de uma a três xícaras por dia e mais de três xícaras por dia.

“Foi definido que o tamanho da dose de café é de 50 mililitros (ml), o que corresponde a uma xícara pequena”, relatou Andreia.

“A presença de hipertensão foi definida com o valor de pressão acima de 140 por 90 milímetros de mercúrio (mmHg), o uso de medicação anti-hipertensiva ou ambos.”

Resultados

Dessa forma, a pesquisa concluiu que o consumo médio de café é de 150 ml por dia, o equivalente a três xícaras. E, durante os quatro anos de acompanhamento do estudo, apenas 1.285 participantes desenvolveram hipertensão.

Ou seja, foi possível constatar o efeito inverso entre o consumo moderado de café e a incidência da pressão alta, segundo a pesquisadora.

“No comparação com as pessoas que nunca ou quase nunca tomavam café, o risco de hipertensão foi 20% menor entre aqueles que bebiam de uma a três xícaras por dia. Estudos recentes mostram que o bom efeito do consumo moderado de café é atribuído aos polifenóis, compostos bioativos que são encontrados na bebida.”

Exceção

Mas, o estudo realizou e obteve novas análises estatísticas quando constatou que existe uma relação entre a ingestão de café o hábito de fumar. Então, verificou-se uma diminuição do risco de hipertensão somente entre as pessoas que nunca fumaram e tomavam de uma a três xícaras por dia.

Por outro lado, os resultados da pesquisa não permitem afirmar que haja um risco nessa população. Além disso não é possível afirmar se o consumo de mais de três xícaras diárias de café seja uma dose prejudicial para a saúde.

“Em resumo, os resultados mostram o efeito benéfico em beber de uma a três xícaras de café por dia. Apontam também a importância de moderar o consumo dessa bebida para a prevenção da hipertensão”, concluiu a pesquisadora Andreia Miranda.

A pesquisa teve o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Contou com a colaboração dos professores Alessandra Goulart, Isabela Benseñor e Paulo Lotufo, do Centro de Pesquisa Clínica e Epidemiológica do Hospital Universitário (HU) da USP e da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) e da professora Dirce Marchioni, da FSP.


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