“Economias menos produtivas em um mundo mais inflacionário”, aponta economista do Santander

“Economias menos produtivas em um mundo mais inflacionário”, aponta economista do Santander

Sandro Mazerino Sobral avalia que países estão vivenciando uma situação rara

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“O que temos agora não se via há 30 ou 40 anos”. Foi com essas palavras que o Head de Mercados e Tradings do Banco Santander Brasil, Sandro Mazerino Sobral, iniciou uma palestra virtual para cooperados da Cooxupé, em 21 de julho.

Segundo ele, atualmente, apesar dos fatores que impactam a economia, o esperado seria que as commodities do Brasil se valorizassem, o que não está ocorrendo. E explica: “Toda vez que os produtos agrícolas brasileiros se valorizavam, o valor das exportações subia e o câmbio se apreciava”.

No entanto, agora, o país não responde positivamente aos preços de troca.  “A valorização cambial não está ocorrendo, já que o real tem tido um desempenho muito ruim, inicialmente devido à uma política monetária artificial do Banco Central (entre 2020 e 2021), que causou a aceleração na saída de capitais, elevando o câmbio para quase 6 reais”, disse o economista.

Incertezas

Paralelo a isso, contudo, as reformas estruturais necessárias não foram feitas. Mostrando, pois, um descompasso fiscal da máquina pública, aliada à polarização política, que reduz o grau de confiança e mina futuros investimentos.

Na palestra, que contou ainda com a participação de outros economistas do Santander, Sobral lembrou os impactos da COVID-19. Estes, por exemplo, levaram à queda da produção global e ao aumento da impressão de papel moeda, resultando em um descontrole da inflação.

Dessa forma, o período pós-pandemia afetou todas as nações, inclusive estados soberanos como Europa e EUA. “Hoje temos economias menos produtivas, falta de mão de obra e dólar mais forte”, comenta. Ele ainda ressalta que o panorama prejudica o Brasil e outros mercados emergentes.

Luz no fim do túnel

No entanto, o Brasil tem importantes condições para sair vencedor da crise. Entre as quais, de acordo com ele, “(1) O ajuste antecipado da política monetária frente a outras nações. (2) Condição para a melhora cambial com mudanças estruturais. (3) Balança comercial favorável devido às commodities. (4) O Brasil, ao longo da história, viveu ciclos de inflação quase que contínuos, o que possibilita às empresas operarem com mais volatilidade em momentos de crise”, finalizou Sobral.

O economista Wagner Assis, que também integrou a palestra, usou a palavra para citar as condições climáticas e a guerra no leste europeu que, igualmente, prejudicam a economia. “Ninguém sabe o que virá da briga entre Rússia e Ucrânia. Todo mundo se pergunta qual o tamanho da crise que virá nos próximos anos. Além disso, tem o La Niña que trouxe diversos prejuízos para as culturas de café, trigo, soja e cana-de-açúcar, levando a perdas de produção e forçando a alta dos preços”, pontua.

Por fim, a palestra virtual promovida pela Cooxupé contou, também, com as participações dos economistas Daniel Karp e Roberta Guimarães, que dividiram as visões deles sobre o cenário macroeconômico atual.


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