Estudo aponta que CO2 alto altera compostos fenólicos da folha do café

Estudo aponta que CO2 alto altera compostos fenólicos da folha do café

A pesquisa desenvolvida pela Embrapa observa a necessidade de se considerar a variabilidade natural das defesas das plantas para o manejo fitossanitário dos cafezais

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Um grupo de pesquisadores da Embrapa Meio Ambiente e do Instituto Biológico observou os efeitos do CO2 atmosférico nos compostos fenólicos em cafeeiros, que são sintetizados pelas plantas em resposta a pressões ecológicas como ataque de patógenos e insetos, a radiação UV e às lesões.  

O estudo realizado, pela primeira vez em um equipamento raro no hemisfério sul, o chamado FACE (sigla do inglês Free-Air Carbon Dioxide Enrichment), que constitui em uma área experimental a céu aberto com enriquecimento do ar com dióxido de carbono (o CO2), aponta que é necessário considerar a variabilidade natural das defesas das plantas para o manejo fitossanitário dos cafezais.

De acordo com publicação da Embrapa, no caso do cultivo cafeeiro, por exemplo, a alteração de componentes fitoquímicos que são baseados em carbono, como os fenólicos, pode modificar a interação das plantas com os insetos herbívoros.

Experimento

Os cientistas da Embrapa Meio Ambiente e do Instituto Biológico estudaram essa interação entre CO2 e variabilidade climática natural e seus efeitos na química vegetal e na interação com insetos herbívoros, além de analisar possíveis alterações na quantidade e composição de compostos fenólicos foliares de cafeeiros e as relações com abundância e diversidade de ácaros. 

Durante o experimento, foram investigados os efeitos do aumento de CO2 e da variação climática local em plantas jovens de café das cultivares Catuaí vermelho IAC-144 e Obatã vermelho IAC-1669-20. As plantas foram cultivadas na unidade FACE, no campo experimental da Embrapa Meio Ambiente, sob duas condições atmosféricas: normal e enriquecida com CO2. Folhas de café foram avaliadas quanto aos fenólicos solúveis totais (TSP), ácido clorogênico (5-CQA) e cafeico (CAF), diversidade e tamanho populacional de ácaros, ao longo de duas estações secas e duas chuvosas. O CO2 atmosférico elevado diminuiu significativamente o 5-CQA no Catuaí, mas não afetou o Obatã. 

Resultados

Os resultados mostraram que os níveis de compostos fenólicos foram maiores durante a estação chuvosa do que na estação seca, mas não ocorreu interação com o CO2. Em geral, altos níveis de fenólicos foram negativamente correlacionados com a abundância de ácaros, enquanto a diversidade foi negativamente correlacionada com os níveis de 5-CQA e TSP. A riqueza de espécies e o tamanho da população de ácaros nas folhas do café não foram afetados pelo aumento do CO2, mas foram fortemente relacionados à variabilidade sazonal dos fenólicos da folha do café. 

O estudo da equipe de pesquisadores, intitulado “O aumento do CO2 atmosférico combinado com a variação climática local afeta os fenólicos e as populações de ácaros nos cafeeiros”, foi publicado em um artigo na revista Anais da Academia Brasileira de Ciências que está disponível na plataforma Scielo.


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