Imigração e Café: 175 anos de história

Imigração e Café: 175 anos de história

Reportagem especial do CNC mostra a relação entre a cafeicultura e o movimento de imigração para o Brasil

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A cafeicultura teve um importante papel no movimento migratório para o Brasil. Assim, a relação entre imigração e café remonta ao século XIX, quando os grandes fazendeiros, donos de lavouras de café, começaram a buscar alternativa aos escravos, após as leis que proibiram o tráfico negreiro e que aboliram a escravidão. Com a necessidade de buscar mão-de-obra livre para o trabalho nas lavouras, os fazendeiros encontraram na imigração a solução ideal.

Imigração e café

Por se tratar da principal atividade econômica da época, a demanda dos cafeicultores por trabalhadores promoveu, pois, uma verdadeira transformação no país.

Isso porque o crescimento das lavouras de café atraiu a mão-de-obra estrangeira. Especialmente daqueles que buscavam melhores condições de vida e trabalho. Proporcionando, assim, mudanças na história econômica, social, política e cultural do Brasil, até para além do setor cafeeiro.

Para o Brasil

O senador e fazendeiro Nicolau de Campos Vergueiro foi, pois, o primeiro a empregar imigrantes europeus em sua lavoura de café no Brasil. Entre os anos de 1847 e 1857, Vergueiro criou um sistema de parceria com Portugal, Alemanha, Suíça e Bélgica, que trazia famílias desses países para trabalhar em suas fazendas. Neste acordo, o proprietário das terras custeava todas as despesas da vinda dos imigrantes para o Brasil bem como a acomodação desses trabalhadores. E, em contrapartida, os colonos trabalhavam para saldar suas dívidas e participavam dos lucros obtidos nas colheitas.

A partir de 1870, o governo federal passou a fomentar o financiamento das viagens que traziam imigrantes para trabalhar com a cafeicultura brasileira. Foram organizadas uma série de propagandas para atrair os estrangeiros ao país com promessas de enriquecimento e bom trabalho nas lavouras. À época, o Brasil era visto como uma nação de oportunidades.

Estrangeiros

Inicialmente, o Brasil recebeu um grande número de famílias italianas para trabalhar nas lavouras de café, sendo o estado de São Paulo o principal destino. Esses imigrantes fugiam da crise que a Itália enfrentava na segunda metade do século XIX, que provocou um alto número de desempregados em razão da industrialização do país europeu.

Os alemães também tiveram, portanto, importante papel na cafeicultura brasileira, em especial no sul do Brasil. A presença deles no país ainda foi primordial para a colonização da região sul, que à época representava um vazio geográfico.

Outro país europeu que se destacou no envio de colonos para o Brasil foi a Espanha. O principal destino desses imigrantes foram as fazendas do Oeste Paulista. Dessa forma, a imigração espanhola foi tardia, com seu ápice após a década de 1905, e, no geral, muitos desses imigrantes era levados às lavouras para substituir os italianos que haviam se deslocado para as cidades de São Paulo.  

É importante destacar ainda a presença dos japoneses na cafeicultura brasileira. A partir de 1908, com a chegada da embarcação Kasato Maru no Porto de Santos, um grande número de nipônicos começou a desembarcar no Brasil para trabalhar nos cafezais paulistas. No caso dos japoneses, o objetivo dos imigrantes era de acumular fortuna e, em seguida, retornar ao seu país de origem. Os japoneses se concentraram especialmente no Sudeste e Centro-Oeste do Brasil. Dada a época de chegada dos imigrantes, atuaram, assim, para substituir os europeus nas lavouras.

Fugindo da crise

No geral, há um ponto em comum entre as histórias de imigração dessas nações para o Brasil. Assim, muitos desses imigrantes fugiam da crise em seus países de origem, que enfrentavam cenários de excedente populacional, com pouca oferta de emprego nas cidades. O Brasil foi um importante destino para esses imigrantes por apresentar um contexto oposto: a falta de mão-de-obra disponível para o trabalho nas lavouras. Esses imigrantes foram, pois, responsáveis por um aumento considerável da cafeicultura no país, tanto como empregados nas fazendas de café, quanto como proprietários de pequenas lavouras produtoras do grão.  

A presença dos imigrantes no Brasil foi importante não apenas para as lavouras de café, mas também para a formação da cultura brasileira. As colônias de imigrantes distribuídas por todo país influenciaram hábitos e tradições brasileiras. Até hoje é possível notar essa influência na arquitetura de algumas cidades, na língua ou nos sotaques e na culinária, por exemplo.

Diversos bairros e até cidades foram formados a partir da reunião de imigrantes saídos das lavouras de café. Regiões como Brás e Mooca, em São Paulo, foram desenvolvidas após o êxodo dos italianos das lavouras de café. No Sul, Blumenau e Itajaí foram fundadas por imigrantes alemães. Já os japoneses edificaram regiões como Bastos, Tietê e Tomé-Açu e muitos desses imigrantes prosseguiram com o plantio do café, desta vez, em fazendas sob a gestão dos próprios japoneses.

CNC

Com essa análise, o Conselho Nacional do Café (CNC) evidencia, mais uma vez, a importância da cafeicultura para o desenvolvimento do Brasil. Além de sua grande participação na economia brasileira, as lavouras de café foram as principais responsáveis pela vinda dos imigrantes que, não só contribuíram para a cafeicultura, como também participaram do desenvolvimento de cidades brasileiras.

“Queremos aqui render nossa gratidão àqueles que escolheram o Brasil para morar, trabalhar e dedicar suas vidas à cafeicultura”, parabeniza Silas Brasileiro, presidente do CNC.

Para este material, o CNC obteve como fontes: FGV CPDOV; Brasil Escola; National Diet Library Japan; USP; Casa Bela; Museu Casa de Portinari; Editora Contexto.


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