“Inflação e guerra preocupam agronegócio para a próxima safra”, afirma presidente da ABAG

“Inflação e guerra preocupam agronegócio para a próxima safra”, afirma presidente da ABAG

Caio Carvalho avalia conjuntura atual como desafiadora

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Apesar da safra brasileira de café apresentar volumes de produção dentro do esperado, diante das intempéries climáticas, os desafios futuros podem ser grandes no que se referem às exportações das demais commodities. Essa é a percepção do presidente da ABAG, Caio Carvalho, em entrevista concedida ao Hub do Café.

De acordo com ele, não bastasse a pandemia, que afetou diferentes países nos últimos dois anos, a guerra no leste da Europa ainda não dá sinais de que possa acabar. E, a princípio, isso é uma preocupação para o agronegócio.

Primordialmente, segundo ele, dois contextos relativos voltaram com força: As inseguranças alimentar e energética. “As populações mais pobres já tinham sido afetadas pela pandemia e, agora, a guerra aprofundou os impactos na oferta e na logística de alimentos. Face a isso existe a dependência dos europeus em relação à Rússia, o que contribui para a alta da inflação”, aponta.

Objetivos sociais

O presidente da ABAG enfatiza, porém, que mesmo em meio a esse turbilhão de situações, as empresas têm se mostrado fieis na adoção dos critérios ESG. Que prezam a sustentabilidade, governança e atenção com o meio ambiente, resultando em maior sincronia com o mercado consumidor.

Ou seja, é um alinhamento que está em constante aprimoramento. “Mesmo com a realidade da pandemia, as empresas estão se ajustando, porque sendo (o Brasil) um país exportador, as cobranças virão. Temos que saber, logo, quais as emissões (de poluentes) do berço ao túmulo e, assim, avaliar a realidade brasileira frente aos países ricos”, contextualiza Carvalho.

21º Congresso ABAG 2022

Como 2022 está cercado de incertezas, o 21º Congresso da ABAG, programado para agosto, vem com o tema Integrar para fortalecer”. E instiga, desse modo, a necessidade de união de esforços diante da disparada na inflação, juros altos, escassez de alimentos e outros fatores globais.

Presidente da ABAG, Caio Carvalho – Crédito: Caue Diniz

De acordo com o presidente da ABAG, é necessário ter um olhar macro. “A lógica da integração é o tema das cadeias produtivas. Essa visão de soma exprime a integração público-privada e significa, também, olhar a geopolítica com as características do Brasil como um grande protagonista em um mundo convulsionado”, acrescenta.

Fertilizantes

Outro tema recorrente na vida do agricultor passou a ser a questão dos fertilizantes. O Brasil consome 8% de toda a produção de nitrogênio, fósforo e potássio, especialmente, avaliada em 55 milhões de toneladas. E, do mesmo modo, importa 85% do insumo, principalmente da Rússia, de acordo com dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).

Com a guerra no leste europeu, foi perceptível a tensão mundial devido aos embargos, ocorridos, sobretudo, no primeiro semestre de 2022. No entanto, a ABAG define como superado o problema diante das garantias dadas recentemente por Vladimir Putin. “Estávamos sofrendo com um ponto de interrogação, mas temos conseguido fertilizantes e agora os portos estão com filas de navios desembarcando insumos”.

Cultura cafeeira

Para a ABAG, o café é o símbolo do Brasil. E a cultura está em um período próspero. Porém, o país tem desafios enormes. Dessa forma, há pontos chaves que precisam ser solucionados, como define o presidente da entidade. “Precisamos olhar a logística, e esse custo ainda é muito alto, pois não há integração entre os diferentes modais e há um esforço enorme a ser feito”.

Outro ponto elencado por ele, em síntese, se refere ao cooperativismo, como o realizado pela Cooxupé. “As cooperativas são fundamentais e viabilizam a qualidade do pequeno produtor.  Podemos modernizar os processos para que o Brasil se mantenha na vanguarda. Temos uma competitividade formidável, mas entendo que é fundamental mantê-la em nível muito alto”, finaliza Caio Carvalho.


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