INPI patenteia método para selecionar cafeeiros com teor reduzido de cafeína

INPI patenteia método para selecionar cafeeiros com teor reduzido de cafeína

Pesquisa é da Embrapa e Instituto Agronômico

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Que os cafés descafeinados têm crescido na preferência do público, não é novidade. Mas, agora duas pesquisadoras da Embrapa Café conseguiram patentear um método que identifica cafeeiros com teor reduzido de cafeína.

De acordo com o levantamento divulgado pelo CaféPoint, Mirian Perez Maluf, da Embrapa Café, e Maria Bernadete Silvarolla, do Instituto Agronômico (IAC), desenvolveram uma forma que facilita a identificação da planta de café (Coffea arabica).

Cafeeiros com teor reduzido de cafeína

Com isso, elas tiveram a patente do método reconhecida pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). Sendo que a separação dos grãos, pelo teor de cafeína, pode ajudar na seleção natural do café. O que gera, pois, economia no processo.

“O método foi um avanço importante para o desenvolvimento de cultivares de café arábica. A inovação trará benefícios à cafeicultura, à agroindústria e aos consumidores,” avalia Mirian. 

De acordo com ela, o processo foi validado em campo, conseguindo transmitir a característica de ausência ou de baixo teor de cafeína para várias gerações de plantas, o que garantiu a parceria entre a Embrapa e o Instituto Agronômico.

Nicho que só cresce

Diante de um mercado cada vez mais exigente e segmentado, Mirian comemora: “Uma vez que cerca de 10% dos consumidores de café no mundo costumam consumir esse tipo da bebida, e no Brasil esse público é de apenas 1%”.

Isso se deve, pois, em parte ao tipo de processo utilizado. Atualmente, os cafés são descafeinados de forma industrial que retiram, além da cafeína, outros componentes. O que pode, assim, reduzir o sabor e aroma da bebida.

Um passo a mais

De acordo com Maria Bernadete, do IAC, essa inovação é capaz de viabilizar o desenvolvimento de cultivares com baixo conteúdo de cafeína. “Haverá o diferencial desse perfil químico já nas sementes, com agregação de valor diretamente para o cafeicultor”.

Dessa forma, o trabalho dela envolveu a identificação dos mutantes naturalmente descafeinados e a realização dos cruzamentos entre esses materiais e cultivares elite.

Depois dessa fase, veio a seleção das amostras para reunir o baixo teor de cafeína, aliado à alta produtividade, o que deu origem ao método agora patenteado, de acordo com a pesquisadora.

Pesquisa em campo

O trabalho de mapeamento é de suma importância para os países produtores de café tipo arábica. Aqui no Brasil, onde a espécie também é a mais consumida, a seleção natural do grão ajuda no melhoramento genético das plantas.

Em 1987, o próprio Instituto Agronômico realizou cruzamentos das espécies selvagens de café com baixo teor de cafeína com variedades do tipo arábica, mas as características que não interessavam eram passadas para as plantas filhas. 

Nove anos depois, outra pesquisa coordenada pela Embrapa analisou cerca de 3 mil plantas de café do Banco de Germoplasma do IAC, o que resultou, em 2003, na descoberta de três plantas de uma mesma família que eram naturalmente descafeinadas.

Foi a partir dessa descoberta, que as pesquisas foram concentradas nessas variedades de plantas. E a partir de análises moleculares foi possível chegar ao processo hoje patenteado.


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