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Docente de Engenharia Agronômica da UFV - Campus Rio Paranaíba

Mulheres AGRO UFV-CRP: Poder da Mulher no Agro

Grupo tem como objetivo a valorização e maior participação de mulheres no agronegócio, para torná-las mais capacitadas para a atuação no mercado de trabalho

A força feminina é empregada na agropecuária desde os primórdios da humanidade, porém sua presença permaneceu discreta por muito tempo no setor. A mulher sempre foi parte relevante da garantia pela segurança alimentar e nutricional das famílias, por participar historicamente do desenvolvimento da agricultura. Hoje, a participação das mulheres de maneira ativa nas diferentes ocupações da sociedade integra uma realidade cada vez mais crescente, sendo que no agronegócio não é diferente.

Conhecido por ser um setor predominantemente masculino, o agronegócio, e sobretudo a agropecuária, é tradicionalmente reconhecido na sociedade pela baixa participação feminina, mas esse cenário tem mudado nos últimos anos. Em 2015, 40% dos trabalhadores eram mulheres com maior atuação nos setores de agroindústria, enquanto os homens estão mais presentes no segmento primário, a agropecuária.

Para entender melhor esse cenário, o Governo Federal realizou um estudo a partir de uma parceria entre o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os resultados, coletados pelo Censo Agropecuário de 2017, mostrou que quase 1 milhão das mulheres brasileiras que trabalham no agronegócio administram propriedades rurais. Isso significa que cerca de 30 milhões de hectares são geridos por mãos femininas, o que corresponde a 8,4% de todos os lotes rurais nacionais.

A mulher ao longo do tempo foi capaz de desenvolver competências e habilidades que a fizeram ser impulsionada a ter poder no agro. Dentre elas temos a resiliência, dado que as mulheres são excelentes em contornar adversidades, mostrando paciência e perseverança.

Na ética, as mulheres mostram-se transparentes, em seu comportamento apresentam condutas íntegras e honestas, tem-se a liderança, na qual as mulheres estão sempre em busca de aperfeiçoamento para não questionarem sua autoridade devido ao gênero. Essa busca constante por capacitação as ajuda a se tornarem grandes líderes.

Além da resiliência e liderança tem-se a capacidade do relacionamento interpessoal, as mulheres se destacam na sociedade por saberem lidar com conflitos, por serem colaborativas, cuidadosas e saberem ouvir, qualidades que são mantidas na esfera profissional.

As mulheres sempre buscam novas maneiras de lidar com certas situações, tentando diferir de abordagem tradicionais, com isso elas proporcionam um ambiente de melhoria contínua. Somado a isso, as mulheres têm a habilidade emocional de sentir o que o outro está sentindo, com uma empatia maior, colocando-se no lugar do outro, conduzindo e envolvendo melhor a equipe. E tem-se ainda um sexto sentido, esse feeling, de saber a posição, saber como está o ambiente à volta, saber identificar quando mudanças são necessárias.

Com uma gestão feminina, a empresa se beneficia com o fato da mulher ter mais facilidade de motivar os outros funcionários e exercer multitarefas. No agro muitas vezes é a mulher que está à frente dos negócios, gerenciando não apenas a lavoura, mas todo o contexto de empresa e família.

Assim, com o passar do tempo, a presença feminina no agronegócio ocupa um maior espaço, e junto dela, novas ações devem ser programadas a fim de fortalecer e garantir um apoio a estas mulheres, para que assim garantam um maior desenvolvimento no setor.

Diante de tal perspectiva, o governo brasileiro adotou a partir de novembro de 2018 ações que visassem diminuir a enorme disparidade entre os gêneros, como apoiar a formação, divulgação, cooperação mútua e organização produtiva entre mulheres e homens no agronegócio, com base no desenvolvimento sustentável. Bem como o desenvolvimento de políticas públicas, apoio ao desenvolvimento de projetos regionais específicos para valorizar a mulher no corporativismo e no agronegócio em geral. Além de criar vínculos entre entidades públicas e privadas, nacionais e internacionais para ampliar o acesso das mulheres aos mercados e oportunizar a conquista de novos espaços.

A partir dessas ações, o governo busca colher nos próximos anos um alinhamento com a igualdade de gênero, panorama atualizado das mulheres no setor agrícola, maior visibilidade e o valor das mulheres neste mercado. E, simultaneamente elevar o número de mulheres capacitadas para ocupar cargos de chefia na agropecuária.

Diante disso, vem surgindo grupos que buscam apoiar outras mulheres que atuam no agronegócio. Um exemplo é o Mulheres AGRO UFV-CRP, que tem como objetivo a valorização e maior participação de mulheres na agropecuária, para consequentemente torná-las mais capacitadas para a atuação no mercado de trabalho. Nesse viés, o projeto tem atuado tanto no sentido de proporcionar um compartilhamento de conhecimentos, capacitações e adesão da mulher no agro, a partir da realização de ciclos de palestras, treinamentos, workshops, minicursos, rodas de conversa, vídeos e imagens informativos através das plataformas digitais como YouTube, Google Meet e Instagram. Como também no sentido social, de forma a contribuir com a sociedade, auxiliando muitas pessoas.

Ao longo de todas as atividades realizadas pelo grupo, foi possível reconhecer que a força da persistência e do trabalho em conjunto tem um papel muito relevante na construção de uma maior visibilidade e reconhecimento da mulher. O grupo Mulheres AGRO UFV-CRP acredita que mulheres e homens podem trabalhar em conjunto em prol de algo maior que é a igualdade de gênero e o crescimento do agronegócio. Embora existam diversos desafios na atuação feminina no agronegócio, acreditamos que o lugar da mulher é onde ela queira estar e que juntos homens e mulheres possam atingir o poder no AGRO.

*Maria Elisa de Sena Fernandes é a mentora do projeto realizado em parceria com as pesquisadoras da UFV-CRP: Amanda Nunes Mendonça, Lílian Cristina Santos Ambrósio, Mariana Montanari e Natália Fernandes Santana.


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