Podcast destaca necessidade de repensar a cafeicultura 

Podcast destaca necessidade de repensar a cafeicultura 

Qualidade e sustentabilidade do café são temas abordados e considerados relevantes para toda cadeia produtiva cafeeira

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O episódio mais recente do podcast ‘MudAgora’ traz um debate sobre a importância de repensar a cafeicultura, conforme destaca o portal Café Point. O podcast é uma produção do Consórcio Cerrado das Águas (CCA).

A qualidade e sustentabilidade do café são os assuntos do novo episódio. A entrevista é com o professor e pesquisador Flávio Borém, da Universidade Federal de Lavras (UFLA).  

Após os eventos climáticos atípicos que afetaram a cafeicultura em 2021, Borém explica que os produtores precisam resistir e ter força. Para, assim, enxergarem formas de aplicar técnicas ambientalmente sustentáveis e, dessa forma, tomarem atitudes mais eficazes diante das adversidades.  

Repensar a cafeicultura

O especialista alerta a necessidade de reinventar a forma de pensar a cafeicultura em toda sua cadeia. Bem como seus recursos e manejo como caminhos para, pois, construir o futuro. Garantindo, dessa maneira, perenidade, sustentabilidade, consistência e qualidade nas produções. Além disso, ele também apresenta novidades de pesquisas para alcance desses objetivos.

Uma das novidades é a parceria com a empresa Quanticum. Trata-se de uma startup especializada no diagnóstico da aptidão solo para produtividade e qualidade de alimentos. Todas as novidades vêm, pois, para tornar a cafeicultura mais resiliente aos efeitos climáticos. Assim como as pesquisas trazem inovações, favorecendo a qualidade e impulsionando a sustentabilidade.

“Precisamos estar atentos às novas tendências do ponto de vista de melhoramento genético. Recentemente ficou conhecida uma espécie do gênero Coffea adaptando-se a altas temperaturas e produzindo cafés especiais. Logo, temos a possibilidade de explorar a riqueza do banco de germoplasma com esse olhar das mudanças climáticas que estamos enfrentando”, afirma o especialista.  

Pesquisa  

Isso porque a Quanticum fez um cruzamento de um banco de dados de uma pesquisa pioneira no mundo. Para, pois, avaliar a distribuição espacial da qualidade do café com análise da aptidão do solos. Por meio de um intercâmbio de ciência aplicada entre pesquisadores e grupos de pesquisa da UFLA, Unesp Jaboticabal e Embrapa Café.

O resultado deste cruzamento foi satisfatório, conforme aborda o podcast. Pois, a tipologia da argila (partículas microscópicas que ocorrem naturalmente nos solos) trará respostas para vários outros fatores como altitude, face de exposição, além de representar a interação planta-solo-clima (terroir).  

“Hoje, o que temos de novidade mais recente para a ciência do solo é que a tipologia da argila está mais relacionada à qualidade do café do que, necessariamente, à condição de fertilidade do solo ou disponibilidade de matéria orgânica. Isso é algo que quebra paradigmas e altera maneiras de pensar sobre solo e qualidade do café, pois quando fazemos uma revisão macro de como o solo se relaciona com qualidade do café, chegamos a composições controvertidas”, aponta Borém.  

“Entretanto, a surpresa interessante é o quanto conseguimos antecipar os terroirs para produção de cafés especiais e identificar as regiões onde não há potencial para esta produção, com mapeamento da tipologia da argila. Isso é algo muito novo que vai trazer uma perspectiva futura do ponto de vista de antecipar a identificação das áreas mais promissoras para a produção de cafés especiais. Tal fato indica que temos ferramentas que podem ser utilizadas de maneira mais assertiva para o produtor extrair qualidade dos lugares corretos e ter um manejo amplo da propriedade com muito mais sustentabilidade”, revela o especialista.

 Mais orientações

De acordo com ele, o segredo está no pós-colheita. Borém ainda revelou mais novidades sobre o café verde como um dos caminhos que garantirão ao produtor economia e uso consciente de recursos. Enxergando, portanto, a planta além dos grãos cereja.

“Temos novas práticas de pós-colheita. Uma vez que as mudanças climáticas interferem na floração e na distribuição da maturação dos frutos, temos que lidar com frutos verdes em momentos que não eram comuns suas ocorrências, fazendo com que a colheita se estenda além do previsto. Estamos de olho em inovar e aproveitar os frutos verdes para produzir cafés especiais. Assim temos na Universidade a capacidade de produzir o primeiro lote com quase 50% de frutos verdes. Este será, no mundo, o primeiro lote produzido a partir de 50% de frutos verdes classificados como café especial”, diz.

 CCA

O Consórcio Cerrado das Águas é uma plataforma colaborativa que reúne empresas da cadeia produtiva do café, produtores, sociedade e poder público para tornar a cafeicultura resiliente às mudanças climáticas. O podcast está disponível no Spotify e no canal do Youtube.

Nas plataformas de streaming do CCA podem ser acompanhados conteúdos e entrevistas sobre assuntos relacionados à produção consciente com especialistas, pesquisadores do setor e, também, produtores que apresentam experiências positivas na agricultura climaticamente inteligente.


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