Protocolo de padronização deve ser realidade para o café solúvel

Protocolo de padronização deve ser realidade para o café solúvel

Estudo da ABICS vai unificar os critérios de análise sensorial, categorizando os produtos para aumentar a aceitação no mercado internacional

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Após dois anos de pesquisas, a Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (ABICS) está em vias de concluir um estudo, que define uma metodologia de análise sensorial para padronizar a seleção do café solúvel. A princípio, a iniciativa é semelhante à portaria de rotulagem do café torrado. Esta lançada em maio pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).

A medida foi pensada para qualificar o segmento como um todo. E, de acordo, com Aguinaldo Lima, diretor de Relações Institucionais da ABICS, o conceito é resultado de dois anos de pesquisa. “Esperamos que seja um protocolo utilizado globalmente. E o Brasil, como maior produtor e exportador de café solúvel mundial, trabalhou com mais de 15 técnicos para avaliar todos os atributos”.

O protocolo, por enquanto, ainda passa por ajustes. Mas, será uma maneira de oferecer aos profissionais uma planilha. Assim, para identificar o produto. “Com isso vamos ressaltar e classificar o café solúvel de acordo com a sua categoria, dando maior conhecimento ao consumidor”, acrescenta ele.

Atualmente existem referências, mas não uma padronização. E, assim, o Brasil dá um importante passo para conquistar reconhecimento internacional nesse quesito.

Gosto pela praticidade

O protocolo de padronização está se delineando em um momento de auge do café. E bastou a pandemia impor uma rotina de vida mais reclusa que, logo após, o gosto por café solúvel se acentuou.

Como é mais fácil de preparar e exige menos recursos, as vendas do produto instantâneo tiveram alta de 4,9% em 2021, o que representou o maior volume da história.

E o mercado brasileiro, que já vinha em ascensão, com média de crescimento de 3,2% desde 2016, comemorou o incremento no último ano.        

Maior aceitação do produto

Conforme a ABICS, ainda não foi possível traçar um perfil mais detalhado de quem está consumindo o produto. E é interessante que se saiba sobre essa preferência, pensando inclusive na elaboração de campanhas de publicidade mais assertivas.

Mas, há algumas constatações para explicar o porquê dessa alta nas vendas. Uma, de que o café solúvel é um coringa para preparo de bebidas e de sobremesas como pudins, brownies, bolos e cookies.

Além disso, a indústria se modernizou. Com novos produtos, blends e embalagens que melhoraram a aceitação e identificação com as marcas disponíveis.

Exportações de café solúvel

Ao passo que o mercado interno vai muito bem, as exportações seguem fortemente impactadas pela guerra no leste europeu. E o conflito, que já passa de 100 dias, trouxe reflexos nas vendas de café solúvel do Brasil.

Lima comenta que tanto Rússia como Ucrânia têm representatividade nesse mercado. “A Rússia sempre se situou em segundo ou terceiro lugar nas exportações e a Ucrânia também ficava entre os 10 primeiros destinos. Os dois países representam 13% do mercado, o que equivale a mais de 500 mil sacas de café”.

Aguinaldo Lima, diretor de Relações Institucionais da ABICS

Para se ter uma ideia, em abril, não foi comercializada uma única saca do produto para a Rússia. O que interrompeu a previsão de crescimento. E o primeiro quadrimestre fechou com queda de quase 5% nas exportações.

Dessa forma, os preços, que impactaram o setor como um todo nos últimos dois anos, devem continuar subindo. “A alta nos preços da matéria prima, do café conilon principalmente, ocorrem por desalinhamento na cadeia de produção, muito mais do que a inflação. E isso afeta a competitividade”, avalia Lima.

Caso a guerra continue, a Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (ABICS) estima que haja uma queda nas exportações com recuo de 500 mil sacas nos embarques, o que equivale a 100 milhões de dólares a menos.


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