Sabe o que é Mercado Futuro? O Hub do Café explica!

Sabe o que é Mercado Futuro? O Hub do Café explica!

Trata-se de estratégia para cuidar do caixa e manter a capitalização, na qual o produtor pode garantir maior proteção e menos riscos na comercialização do café

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Cuidar da comercialização da produção do café é um dos maiores desafios do produtor. Diante disso, o cooperado da Cooxupé encontra várias formas para a venda do seu café e uma delas é por meio do Mercado Futuro. Mas, você sabe o que isso significa? O Hub do Café te explica.

Utilizando operações de Mercado Futuro, como a CPR, o cafeicultor pode estudar seus custos, suas necessidades, bem como organizar o seu fluxo de caixa e montar uma estratégia para participar deste mercado. Estas operações são úteis para travar compras de fertilizantes, máquinas e implementos ou para pagar compromissos quando os preços estão remuneradores e as relações de trocas estão vantajosas. Não pode ser utilizado para especular.

Mercado Futuro

Assim, de maneira bem resumida, o Mercado Futuro significa acordos de compra e venda, por um determinado preço e período, de ativos que englobam, dentre eles, as commodities, como é o caso do café. 

Nele, o cooperado da Cooxupé encontra, basicamente, três formas para se trabalhar:

– Opções.

– Travas de Preços para entrega futura de produto. Exemplo: Garantia de Preço.

– Operações de Preço Futuro diretamente nas Bolsas.

Entenda

Para entender esta dinâmica e as diferenças dessas formas de Mercado Futuro, a Folha Rural entrevistou o superintendente comercial da Cooxupé, Lúcio de Araújo Dias. Confira a entrevista na íntegra:

FR: Como funciona a participação direta nas Bolsas? 

LD: Nesta modalidade é necessário conhecimento e uma estrutura financeira. Em um determinado momento o produtor decide vender o seu produto por um determinado preço. Se o preço sobe, por exemplo, o produtor precisa pagar alguns ajustes diários, ao longo da vida útil deste contrato, que representarão uma garantia de que ele honrará o seu compromisso no futuro. O valor desses ajustes, no entanto, também será recebido pelo produtor lá na frente.  Assim, a pessoa garantirá o preço decidido naquela data ou momento da decisão da venda. É muito importante frisar que nesta modalidade, o produtor precisa entregar às corretoras as garantias de que possui capacidade econômica e financeira para sustentar a negociação, fornecendo a famosa margem de garantia para cada contrato e pagar ou receber os ajustes diários.

Opções

FR: Como funciona a via Opção?

LD: Os contratos de Opções não têm necessidade de ajuste e de margem de garantia às corretoras. Entretanto, são extremamente pesados e é importante o cooperado estar atento às condições que esta ferramenta propõe. Estes contratos integram uma soma de diversos fatores como o tempo e a volatilidade do mercado, por exemplo. Assim, essas opções, hoje, principalmente para o café, estão custando muito caro. Para ter uma ideia, um contrato de Opções para 2023 está custando basicamente 15% do valor do produto. Por exemplo: se o produtor quer vender um café por R$ 1.300,00 e garantir este preço mínimo, ele terá de pagar 15% em torno desse valor, ou seja, em torno de R$ 200,00 por saca agora. E, assim mesmo, trata-se de uma parte do café: pronto, preparado. Neste caso, não inclui o café bica corrida.

De acordo com algumas cotações que buscamos no mercado, para 2024, o pagamento está valendo em torno de 25% do valor do Strike. Portanto, são valores bastante pesados para serem custeados pelo produtor.

Alternativa para produtor

FR: E há alguma alternativa para o produtor diminuir estes custos?

LD: Para poder diminuir esses custos, muitas pessoas compram uma PUT (trata-se de um derivativo que dá o direito de venda pelo preço estipulado na compra da opção) e vendem uma CALL (uma opção que dá o direito de compra  pelo preço de contrato inscrito no fechamento do acordo). Em resumo, a PUT é um direito de vender enquanto a CALL é um direito de compra. 

Na hora que o produtor opta por esta condição, há riscos na CALL, pois se o mercado sobe, o cooperado precisa dar margem e garantia para cumprir com tal obrigação. E isto pode pesar no bolso do produtor.

Garantia de preços

FR: E em relação a Contratos de Garantia de Preços? Como funciona? Quais modalidades a Cooxupé utiliza mais?

LD: Na cooperativa, os cooperados usam mais as Garantias de Preços e a famosa operação Barter (quando o café pode ser usado como moeda de troca na compra de insumos, máquinas e equipamentos). Ao fazer Mercado Futuro com a Cooxupé, é importante saber que o produtor fica livre dos custos gerados nas formas explicadas nas questões anteriores, pois quem arca com esses custos junto ao mercado é a própria cooperativa.

O que todos precisam ter em mente é que o Mercado Futuro tem um valor inestimável, pois possibilita a comercialização de parte da produção no momento em que o mercado sobe. Muitas pessoas acham que essa estrutura é especulativa, mal elaborada. Pelo contrário. Traz seguranças e garantias.

Compromisso

FR: Qual o principal compromisso do cooperado neste contexto?

LD: Todos nós produtores que operamos nesses mercados temos que trabalhar fielmente para cumprir os negócios efetuados e a Cooxupé sempre orienta para que o cooperado faça apenas um percentual onde ele tenha tranquilidade na entrega, como forma de diminuir seu risco na produção ou até mesmo no preço. Claro que existem adversidades como a do clima, mas a maioria das empresas está atenta para, junto com os produtores, buscar soluções para que os cafeicultores tenham condições de liquidar seus compromissos e seguir com sua atividade cafeeira. Quem estiver com dificuldades precisa procurar a empresa onde realizou suas negociações para encontrar soluções e cumprir os contratos para este ano e para os próximos, diante de uma necessidade de prorrogação, por exemplo.

É oportuno ressaltar que no caso da Cooxupé, a garantia de preços e os Barters têm suas estruturas arcadas pela cooperativa e esses custos não vão para a conta do cooperado. Por isso, o produtor precisa ter responsabilidade para quitar essas operações, mantendo a estrutura econômica e as condições financeiras da Cooxupé saudáveis como um todo.

Obrigações

FR: É possível ao cooperado cumprir com estas obrigações?

LD: Sim. Ao longo dos últimos anos, ocorreu um processo de capitalização dos produtores, colocando fim a um grande período de endividamento dos últimos 30 anos. Hoje, os cafeicultores estão diante de uma estrutura econômico-financeira bem melhor. Os produtores na grande maioria estão saudáveis e capitalizados.

Estamos vendo as lavouras bonitas, bem estruturadas, possibilitando boas safras para o médio e longo prazo. Diante desta realidade, o cooperado pode considerar uma participação mais efetiva no Mercado Futuro, para garantir uma renda e cobrir seus custos. Condição que traz segurança e tranquilidade a médio e longo prazo.

O imediatismo neste momento não é estratégico para o cooperado. É preciso se planejar para que esses bons ventos permaneçam na vida do produtor. Neste sentido, os mercados futuros sempre valem mais que os presentes. Não é o que estamos vivendo agora, com a inversão do mercado, mas, naturalmente e principalmente para o café, o futuro vale mais. Lembre-se: visão para médio e longo prazo e dentro desse conceito o Mercado Futuro é uma opção bastante vantajosa.  

Atento ao crédito

FR: Por que o cooperado precisa estar atento ao crédito?

LD: Estamos vivendo um processo de aumento substancial de juros, portanto hoje é melhor ter dinheiro para aplicação e, assim, não ficar refém de altas taxas para comprar máquinas e equipamentos e para custeio, por exemplo.

Cuidar de crédito sempre será positivo para qualquer produtor. Aquele que encara o seu crédito como parte do seu patrimônio também cuida do seu negócio com responsabilidade. Já a falta de crédito prejudica bastante o cooperado em diversas situações como: não conseguir comprar adubos e defensivos em boa hora, ter grande dificuldade grande para comercializar seus produtos, entre outras.

É válido destacar que o crédito é extremamente importante principalmente de agora para frente. Isto porque o crédito rural está diminuindo a cada ano e a tendência do governo brasileiro é seguir reduzindo. Essa atividade será dos bancos e cooperativas de crédito aplicando linhas comerciais. Ou seja, uma estrutura muito mais comercial do que governamental. Neste sentido, o cuidado precisa ser maior. Pois, este crédito custa um pouco mais caro. Assim, é recomendável que o produtor tenha uma estrutura de crédito extremamente positiva para obter menor custo possível. 


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