Seguro rural é investimento para reduzir impactos de eventos climáticos

Seguro rural é investimento para reduzir impactos de eventos climáticos

Produtores de café devem encarar o seguro rural como investimento para proteger a produção de impactos causados por eventos como as geadas; Veja opinião do CNC

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É comum associar o seguro a bens como o carro, para prevenir incidentes com o imóvel ou empresa. Mas, e quanto à produção agrícola? Ainda mais em um cenário de eventos climáticos extremos, o seguro rural é investimento para reduzir impactos.

Quando falamos em produção, anos dedicados até que as plantas se tornem produtivas, é difícil imaginar que, em uma madrugada de geada tudo pode ser perdido.

Infelizmente, foi o que aconteceu em julho de 2021. Muitos produtores decidiram não contratar um seguro, em razão de já ter altos custos de produção. Ou até mesmo por ter perdido a percepção das consequências das intempéries climáticas.

As geadas demoraram anos, mas vieram fortes e assolaram muitas lavouras.

Apesar disso, os produtores que já tinham seguro, olharam para o evento climático com uma tranquilidade em saber que poderiam se recuperar. Pois, não dependeriam tanto de políticas públicas. Por isso, o seguro rural é investimento.

Por outro lado, quem decidiu não contratar um seguro para sua lavoura, viu-se num mar de desespero. Assim, precisou renegociar dívidas, abrindo mão de capital de giro e do patrimônio ou, em última instância, pensar em abandonar o campo.

Seguro rural é investimento

Pensando nesse cenário, o Conselho Nacional do Café (CNC) foi estudar mais a fundo o tema seguro rural.

“Nos deparamos com números muito menores de prêmio do que imaginávamos encontrar. Nos surpreendemos com a facilidade que o produtor tem hoje para manter sua produção com um bom seguro. Há um leque grande de opções que contam, inclusive, com subsídio federal”, contou Silas Brasileiro, presidente do CNC.

Provavelmente você já ouviu a expressão: indústria a céu aberto. E, de fato, a cafeicultura é isso. Está sempre sujeita às mudanças climáticas.

Talvez, a ausência do medo, pelo fato de longos anos de aumento de produção recorde e de climas favoráveis, levou o produtor de café a pensar que seguro é um gasto inútil.

Pedro Loyola, diretor do Departamento de Gestão de Riscos do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento durante um encontro virtual com os diretores do CNC, no último dia 05 de agosto, apresentou um histórico de eventos que impactaram a agricultura brasileira. Em especial, de 1989 até a última geada do dia 20 de julho.

Quase todos os anos está acontecendo alguma adversidade climática em alguma região do país, mesmo nos anos de safras recordes.

“O produtor precisa fazer gestão de riscos. Calcular o benefício de ao longo de vários anos contratar um seguro e ter um fluxo de caixa constante. Ou reter o risco e apostar contra o clima”, ressalta Pedro Loyola.

O diretor apresentou um exemplo de contratação de seguro em Minas Gerais. Para R$ 3 milhões segurados, o produtor pagaria um prêmio bruto de 3,48%, o que corresponde a R$ 104,4 mil.

Porém, o governo federal oferece uma subvenção de 40% do valor total do prêmio, que corresponde a R$ 41.760,00. Assim, o cafeicultor pagaria R$ 62.640,00, que corresponde a 2,088% do prêmio.

Como funciona o programa de seguro rural

O Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR) oferece ao agricultor a oportunidade de segurar sua produção. Isso com custo reduzido, por meio de auxílio financeiro do governo federal.

A subvenção econômica concedida pelo Ministério da Agricultura pode ser pleiteada por qualquer pessoa física ou jurídica que cultive ou produza espécies contempladas pelo Programa e permite, ainda, a complementação dos valores por subvenções concedidas por estados e municípios.

Portanto, para contratar o seguro rural, o produtor deve procurar uma seguradora habilitada pelo Ministério da Agricultura no Programa de Seguro Rural (PSR). Caso o produtor já tenha cobertura do Proagro ou Proagro Mais para uma lavoura, não será beneficiado pelo PSR na mesma área.

No café

Segundo informação do Mapa, no ano safra 20/21 apenas 7,5% das áreas de café foram seguradas utilizando o PSR.

Por exemplo, lavouras de trigo e milho tiveram 57,8% de suas áreas cobertas por seguro rural.

“Isso acontece porque outras culturas são mais suscetíveis, com perdas históricas de produção. Pelo fato da frequência de perdas ser menor no café, não existe a cultura de contratação de seguro para o parque cafeeiro”, analisa Natalia Carr, assessora técnica do CNC. Outros benefícios da contratação do seguro, segundo Pedro Loyola, é no incentivo ao uso de tecnologia no campo.

“O seguro é um grande indutor de aumento de tecnologia. Isso porque o produtor sabe que se perder por intempérie climática, o seguro vai cobrir o investimento feito na lavoura”.

Apoio

Silas Brasileiro garante que o CNC vai realizar um trabalho com o produtor, em parceria com a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) e da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater). O foco será a importância da contratação do seguro rural.

Outro ponto destacado por Silas Brasileiro são as conversas com os governos estaduais para participarem do programa de subsídio ao produtor de café.

“Temos 16 estados produtores de café e queremos conversar com os governadores para que possam participar desse projeto de subsídio ao cafeicultor. Porque o seguro é fundamental para que a atividade continue gerando divisas, renda e emprego no campo”, diz.


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